Plano prevê ampliar volume de crédito para comércio em 20%
O setor de comércio tem conseguido maior visibilidade junto ao governo federal e deve ser beneficiado com maior volume de crédito e melhores condições de financiamento, que deverão ajudar principalmente as pequenas empresas a conseguirem recursos para capital de giro e investimentos. Um dos principais objetivos da Política Nacional de Comércio e Serviços, por exemplo, é atingir um crescimento anual de 20,24% no volume de crédito para o setor. Em 2008, foram liberados R$ 3,6 bilhões de crédito e a previsão é de, até 2012, chegar ao patamar de R$ 6,5 bilhões.
Lançada há pouco mais de um ano pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com a ajuda de associações de varejo, como a Associação Brasileira dos Lojistas de Shopping (Alshop), essa política do setor deverá virar um decreto. O texto será encaminhado à Casa Civil pelo ministro Miguel Jorge até o fim do mês, prevendo 88 medidas. De acordo com Edson Lupatini, secretário nacional de Comércio e Serviços, algumas ações já estão sendo feitas e agora o projeto será formalizado, com um conjunto de metas e prazos a serem cumpridos ao longo de 2010. "O projeto foi criado durante a crise econômica com objetivo de criar soluções ao setor, e hoje podemos dizer que voltamos ao patamar que esperávamos. Não se ouve falar em crise no varejo, sendo que o mercado interno deve estimular ainda mais o setor."
Para o secretário, o setor é muito forte, mas só agora consegue se mobilizar para conseguir benefícios, como obteve, por exemplo, o Instituto de Desenvolvimento para o Varejo (IDV) em relação ao Imposto sobre Produtos Industrializado (IPI). "60% dos investimentos que entram no País é para área de Comércio e Serviços. 58% do PIB e 50% dos empregos formais também pertencem a esses setores. Às vezes parece que estamos no País da indústria, mas nós sabemos que não é", disse, durante o primeiro debate sobre a política, ocorrido na reunião da Mesa de Valores promovida pela Alshop, em São Paulo, semana passada.
Lupatini diz que hoje trabalha com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e com o Banco do Brasil (BB) com custos "baixíssimos" para os usuários, mas bancos privados também devem disponibilizar melhores condições, sendo que está atento à questão da garantia. "Todos os bancos públicos nunca desembolsaram tanto quanto agora e o gargalo às vezes não era o crédito, mas a questão da garantia, principalmente às pequenas empresas. Acredito que isso já foi sanado com a criação de um fundo garantidor", diz.
Segundo o secretário, o crédito é apenas uma das três macrometas da política para o setor, que prevê crescimento no número de empregos [aumento anual de 4,57%], alcançando 23 milhões de empregados em 2012; e ainda aumento no número de empresas, de 5,67% ao ano, principalmente, com uma menor burocracia para informais se legalizarem. "Queremos formalizar 143 mil empreendedores individuais. Todos falam que o problema é o custo, mas hoje já é possível se formalizar com cerca de R$ 50,00", afirma.