Se o ano de 2009 passou longe de ser a catástrofe esperada por muitos, o resultado se deve em grande parte aos mais de 53 milhõ"/>

Consumo popular ultrapassa classes A e B

Postado em Varejo

consumo-popular-ultrapassa-classes-a-e-b
Se o ano de 2009 passou longe de ser a catástrofe esperada por muitos, o resultado se deve em grande parte aos mais de 53 milhões de brasileiros que vivem com uma renda mensal de R$ 485, em média. Entre os meses de setembro de 2008 e de 2009, a população das classes D e E das regiões Norte e Nordeste consumiu R$ 8 bilhões em alimentos, produtos de higiene e limpeza. De acordo com a pesquisa feita pela Latin Panel, pela primeira vez o consumo do grupo foi maior que o das classes A e B das regiões Sul e Sudeste.

Mas o apetite dos menos favorecidos pelo consumo não está sendo saciado apenas com os artigos de primeira necessidade. A facilidade de acesso ao crédito e o mercado de trabalho estável estão animando mesmo aqueles com salários mais baixos a investir em móveis, eletrodomésticos e artigos da chamada linha branca, como geladeiras, fogões e máquinas de lavar.

Venceram na vida - “Quem sabe agora em 2010, a gente não consegue comprar uma tevê de plasma”, calcula, em tom de brincadeira, a manicure Ubiranira Reis Santos, a Bia. Ela e o marido Cosme acreditam que venceram na vida. “A gente não tinha nada”, é a lembrança de 24 anos atrás, quando deixou Valença com apenas 17 anos para viver com Cosme, com 39 anos na época.

Hoje, a casa deles no Curuzu é um belo retrato do que muito trabalho em busca de dignidade e condições socioeconômicas favoráveis pode fazer. Este ano, já trocaram o fogão – aproveitando o IPI da linha branca –, compraram um armário para a cozinha e agora em dezembro vão trocar a estante da sala.

Casaram-se no papel em setembro e, para comemorar, a casa passou por mais uma reforma, que, de acordo com as pretensões de Bia, não deve ser a última. “Ainda quero uma mesa, arrumar a cozinha e botar piso em dois quartos”, enumera, deixando o marido assustado. “Ele só quer comprar à vista, mas sei que, se a gente deixar, não compra nunca”, explica.

“De uns dez anos para cá, nós conseguimos comprar as coisas com mais facilidade”, conta Cosme, que, mesmo aposentado, não para. Compra panelas em Feira de Santana para revender de porta em porta. O currículo inclui ainda qualquer trabalho que apareça, como ajudar Cira do Acarajé e até a organização de shows de forró. Bia, além fazer o serviço de manicure, vende pizzas.

O poder da renda - “Na hora em que o Brasil aceitar distribuir melhor a renda, este País não vai parar de crescer”, avalia o professor de economia da Ufba Osmar Sepúlveda. Ele explica que o consumo é a principal variável para promover o bem-estar social e o crescimento econômico. A distribuição se dá hoje pelo aumento real do salário mínimo, dos programas sociais, como o Bolsa Família e a baixa inflação.

Uma mostra da importância do consumo das famílias está no resultado do PIB no último trimestre. O indicador da expansão econômica aponta que o consumo no Brasil cresce há 24 meses seguidos. E o bom resultado se manteve mesmo na crise, com uma ampliação de 3,9% nos últimos 12 meses, conforme o IBGE. “O consumo das classes C, D e E evitou que este País entrasse na crise, e tudo o que estamos vendo ainda é pouco diante do que pode acontecer”, aponta Sepúlveda. Para o economista, se as medidas corretas para acelerar este processo forem tomadas, o Brasil poderá ser muito parecido com o Japão dentro de 10 anos”.

consumo-popular-ultrapassa-classes-a-e-b
Se o ano de 2009 passou longe de ser a catástrofe esperada por muitos, o resultado se deve em grande parte aos mais de 53 milhões de brasileiros que vivem com uma renda mensal de R$ 485, em média. Entre os meses de setembro de 2008 e de 2009, a população das classes D e E das regiões Norte e Nordeste consumiu R$ 8 bilhões em alimentos, produtos de higiene e limpeza. De acordo com a pesquisa feita pela Latin Panel, pela primeira vez o consumo do grupo foi maior que o das classes A e B das regiões Sul e Sudeste.

Mas o apetite dos menos favorecidos pelo consumo não está sendo saciado apenas com os artigos de primeira necessidade. A facilidade de acesso ao crédito e o mercado de trabalho estável estão animando mesmo aqueles com salários mais baixos a investir em móveis, eletrodomésticos e artigos da chamada linha branca, como geladeiras, fogões e máquinas de lavar.

Venceram na vida - “Quem sabe agora em 2010, a gente não consegue comprar uma tevê de plasma”, calcula, em tom de brincadeira, a manicure Ubiranira Reis Santos, a Bia. Ela e o marido Cosme acreditam que venceram na vida. “A gente não tinha nada”, é a lembrança de 24 anos atrás, quando deixou Valença com apenas 17 anos para viver com Cosme, com 39 anos na época.

Hoje, a casa deles no Curuzu é um belo retrato do que muito trabalho em busca de dignidade e condições socioeconômicas favoráveis pode fazer. Este ano, já trocaram o fogão – aproveitando o IPI da linha branca –, compraram um armário para a cozinha e agora em dezembro vão trocar a estante da sala.

Casaram-se no papel em setembro e, para comemorar, a casa passou por mais uma reforma, que, de acordo com as pretensões de Bia, não deve ser a última. “Ainda quero uma mesa, arrumar a cozinha e botar piso em dois quartos”, enumera, deixando o marido assustado. “Ele só quer comprar à vista, mas sei que, se a gente deixar, não compra nunca”, explica.

“De uns dez anos para cá, nós conseguimos comprar as coisas com mais facilidade”, conta Cosme, que, mesmo aposentado, não para. Compra panelas em Feira de Santana para revender de porta em porta. O currículo inclui ainda qualquer trabalho que apareça, como ajudar Cira do Acarajé e até a organização de shows de forró. Bia, além fazer o serviço de manicure, vende pizzas.

O poder da renda - “Na hora em que o Brasil aceitar distribuir melhor a renda, este País não vai parar de crescer”, avalia o professor de economia da Ufba Osmar Sepúlveda. Ele explica que o consumo é a principal variável para promover o bem-estar social e o crescimento econômico. A distribuição se dá hoje pelo aumento real do salário mínimo, dos programas sociais, como o Bolsa Família e a baixa inflação.

Uma mostra da importância do consumo das famílias está no resultado do PIB no último trimestre. O indicador da expansão econômica aponta que o consumo no Brasil cresce há 24 meses seguidos. E o bom resultado se manteve mesmo na crise, com uma ampliação de 3,9% nos últimos 12 meses, conforme o IBGE. “O consumo das classes C, D e E evitou que este País entrasse na crise, e tudo o que estamos vendo ainda é pouco diante do que pode acontecer”, aponta Sepúlveda. Para o economista, se as medidas corretas para acelerar este processo forem tomadas, o Brasil poderá ser muito parecido com o Japão dentro de 10 anos”.

comments